As pessoas perdem muito tempo no talvez, não sei, hum… tenho de pensar. Porque fazem isto? Ora há várias razões para hesitar: têm medo de avançar para algo que não conhece; têm medo do que sentem pela pessoa; ainda não esqueceram outra pessoa com quem estiveram ou então estão tão habituadas a que andem atrás delas que não sabem o que é andar atrás daquilo que querem.
Antigamente as pessoas tinham mais garra. Andavam atrás daquilo que queriam, lutavam por aquilo que queriam. Hoje em dia perde-se muito tempo com hesitações. Perde-se muito tempo no “não sei e no talvez”.
Os tempos do jazz e dos bailes de sexta à noite eram mais divertidos.
Muitas vezes deixamos que o orgulho tome conta de nós e impedir-nos de fazer o que queremos realmente. É mais importante ficarmos por cima numa discussão ou pensarmos que temos razão em relação a determinada questão do que dar o braço a torcer. Há que pensar: é mais importante o orgulho ou fazer a coisa certa e aceitar que talvez a outra pessoa tivesse razão?
Todos nós somos um pouco orgulhosos, acho que faz parte da condição humana não querermos dar a razão à outra pessoa imediatamente, sem ripostar. Não podemos é deixar que o orgulho nos tolde a mente porque isso só nos prejudica. Devemos ter amor próprio claro, isso é muito importante. Nós somos o mais importante e o que importa é o que nos faz feliz. Mas não nos podemos impedir de ser felizes só porque não queremos desistir do orgulho, só porque queremos ganhar um tête à tête.
Dizem para não se comparar a vida real com as séries de televisão. Mas vou estabelecer um paralelismo. Penso que a maioria das pessoas já tenha tido dois espécimes de homens na sua vida: aqueles que são muito queridos e fáceis de compreender, que ligam e mandam mensagem quando dizem que o vão fazer e são controláveis de alguma forma e há aqueles que são incontroláveis, só respondem ou ligam quando lhes apetece e não há maneira de saber o que lhe passa pela cabeça. Os primeiros serão o Aidan da série o Sexo e a Cidade e os segundos serão o Mr. Big. Qual deles preferimos? Qual deles precisamos na nossa vida?
Quando se gosta de alguém nem sempre é fácil. Por mais racional que se seja, os sentimentos acabam por toldar qualquer réstia de racionalidade. Dizem que o amor é cego e é verdade. Não porque não se veja, mas porque não se quer ver.
No início, quando as pessoas se começam a conhecer, vemos tudo, o bom e o mau. Mas há medida que o sentimento vai crescendo começa-se a ver só o bom e a esquecer que o mau existe. Depois começamos a criar expectativas acerca daquela pessoa. Às vezes criamos demasiadas expectativas. Às vezes colocamos a fasquia demasiado alta. Às vezes ao colocarmos a fasquia demasiado alta acabamos por perder aquela pessoa porque ela nunca vai chegar à fasquia.
Isto não quer dizer que nos devemos contentar com o pouco, de todo. Mas também não devemos ser demasiado exigentes ao ponto de não deixar a pessoa ser quem ela é. Se essa pessoa nos tiver que magoar, deixemos a pessoa magoar-nos, mas há sua maneira. Não devemos criar entraves ou exigir demais, porque isso acaba por se virar contra nós.
Muitas vezes consideramos que o timing é só alguma coisa que as pessoas inventam como desculpa para não ficarem juntas. Essa era a minha maneira de ver as coisas durante muito tempo. Considerava que o timing não existe e se as pessoas gostam mesmo uma da outra ficam juntas.
Às vezes duas pessoas até gostam uma da outra mas estão em timings diferentes. Querem coisas diferentes.
É a pergunta: onde te vês agora? Onde queres estar agora? Queres um relacionamento sério ou queres algo descomprometido? Se as respostas forem diferentes provavelmente aquelas duas pessoas não poderão permanecer juntas. Não estão em sintonia e quando isso acontece não há maneira de alterar. Há que pensar que podemos não estar em sintonia agora e passar a estar mais tarde ou poderemos nunca ficar em sintonia. Sabemos o hoje, o amanhã logo se vê.
Há fins que têm que acontecer para dar lugar a coisas melhores. É verdade. Temos de seguir o nosso instinto e se ele nos diz que aquela situação já não nos agrada, então o melhor mesmo é acabar. Se não estamos bem com alguma coisa então temos de seguir em frente. Claro que quando somos nós mulheres a acabar a tendência natural dos homens é excluírem qualquer culpa da parte deles. O discurso é sempre o mesmo: eu estou igual, tu é que não queres e se não queres pronto a responsabilidade é tua. É natural, os homens são seres que não gostam da responsabilidade, seres descontraídos, ao contrário de nós mulheres, e portanto não querem sentir que fizeram algo de errado. É normal. Não os culpo. Nós mulheres é que perante este discurso temos de ser fortes o suficiente e pensar: já chega, eu não quero mais isto e portanto vou manter a minha decisão e seguir em frente. Até porque quem gosta realmente não desiste de nós. Quem gosta luta, quem gosta fica. Se estamos com alguém que desiste com uma grande facilidade então é porque já não era para ser. Ninguém tem o poder de nos fazer estagnar numa situação que não nos faz bem.
O que fazer quando se tem que tomar uma decisão? As decisões são difíceis porque implicam sempre uma encruzilhada. Uma pessoa não está bem na encruzilhada mas também não está bem a pensar no que pode perder ao escolher determinado caminho. Sabe-se que se gosta realmente de alguém quando o simples pensamento de a deixar ir, de desistir dela nos põe a chorar. Ninguém para além de nós entende o que nós sentimos por aquela pessoa e sobretudo o que sentimos quando estamos com ela. Quando se está com alguém que realmente se gosta, temos a possibilidade de ser apenas nós próprios e isso é lindo. É Aquela velha história do quem gosta deixa ir, é verdade. Nunca pensei dizer isto, mas é mesmo verdade.
A questão que se tem mesmo de ponderar é: e o que é que essa pessoa nos dá? Gostar é dar e receber e muitas vezes esquecemo-nos da parte do receber. Se a pessoa que gostamos não nos dá aquilo que precisamos, já não nos dá tanto como nós lhe damos a ela, então isso é um claro sinal do caminho que devemos seguir, da decisão que devemos tomar. E devemos também pensar que nada é absoluto. Pode não ter resultado agora, mas pode ainda vir a resultar mais tarde. Ou pode não resultar de todo e este ser o fim definitivo. A beleza do mundo é que nada é definitivo. Não sabemos o que aí vem, sabemos o que queremos agora.
Esta é a pergunta de um milhão de euros. Ora os homens e as mulheres podem ser amigos, mas a uma altura ou outra vai surgir aquele momento awkward em que se veem como mais que amigos. É inevitável, é físico. Esse momento pode passar e nunca mais voltar ou pode continuar e aí percebem que realmente não são só amigos.
Quando as pessoas têm muito em comum é difícil não se apaixonarem. É difícil não deixar entrar uma pessoa que tem tanto em comum connosco, mesmo sabendo que isso pode estragar a amizade. Quer queiramos quer não, quando se passa da amizade a algo mais que amizade isso mexe. Mexe de tal forma que podem mesmo essas duas pessoas nunca mais conseguirem ser amigas como eram.
Todas as pessoas são diferentes e há aquelas que conseguem ficar amigas mesmo depois desse awkward moment, há aquelas que nunca mais se conseguem ver na mesma forma mas ainda assim não se envolvem num relacionamento e há aquelas (iluminadas) que percebem que realmente foram feitos um para o outro, se deixam de tretas e ficam juntos.
No fundo tudo depende da vontade e perspetiva de cada pessoa. O que é que as duas pessoas querem?! Tudo se resume a isto.
Tudo precisa de tempo. As árvores precisam de tempo para dar frutos, as flores precisam de tempo para florir e os relacionamentos precisam de tempo para se consolidar (ou não). Nesta matéria dos relacionamentos, quer sejam de amizade quer sejam de amor, é preciso tempo e vontade. Tempo no sentido de não se saber se se gosta de alguém, se se gosta de conviver com alguém de um dia para o outro. Vontade no sentido de terem que ser as duas pessoas a quererem o mesmo. As duas pessoas têm que querer conviver uma com a outra. Sem convívio as amizades morrem e não há nada a fazer. Sem convívio os sentimentos extinguem.
A grande questão é saber quanto tempo é preciso dar aos relacionamentos? Quanto tempo é preciso esperar? Será que se deve ter paciência ou será que se deve simplesmente desistir?
A resposta a estas perguntas depende de cada situação em concreto. Nenhuma situação é igual porque as pessoas são diferentes, as circunstâncias são diferentes. Aquilo que se deve pensar é: o que é que eu sinto que devo fazer?
No fundo devemos seguir o nosso coração. Eu sei que isto vai soar chiché mas nós sabemos o caminho. Às vezes temos medo de seguir aquele caminho porque implica riscos, mas nós sabemos o caminho. Será que somos corajosos o suficiente para acreditar em nós e seguir esse caminho?! Claro que somos. Se formos fieis a nós próprios garantidamente seremos felizes e teremos sucesso.
Às vezes complicamos as coisas simples. Vemos significados naquilo que não tem e perdemo-nos. A vida é mais fácil se não complicarmos e sobretudo se não quisermos saber. Temos que nos focar naquilo que é mais importante, o resto é acessório. Saber separar o que é importante do acessório nem sempre é fácil, sobretudo quando gostamos de controlar tudo, mas temos de tentar.
Há tanta coisa boa para apreciar, porque é que nos focamos sempre naquilo que não é tão bom?! O ser humano é mesmo masoquista. Não nos podemos focar no que nos faz mal. Temos de pensar em tudo o que correu bem no dia e quando as coisas não correm tão bem, fazer com que o jogo se vire e passem a correr bem.