Às vezes quer-se dizer tanto e não se diz nada. Quer-se falar e falar e falar e não se consegue dizer nada. Quer-se olhar mas tem-se vergonha que a pessoa nos veja a olhar. Quer-se ultrapassar tudo isto, mas não se consegue. Às vezes queremos ser mais extrovertidos, queremos expressar mais aquilo que sentimos, queremos conseguir falar e dizer o que queremos.
Quem é mais extrovertido ganha mais. Quem é mais extrovertido consegue dizer tudo aquilo que passa pela cabeça. Quem é mais extrovertido chega aos seus objetivos mais depressa.
Pomos estas muralhas todos à volta do coração com um medo quase irracional de nos magoarmos. Mas magoámo-nos na mesma quando não conseguimos expressar aquilo que sentimos. Ao não deixarmos as pessoas passarem pelas muralhas, ao estarmos na defensiva, muitas vezes perdemos oportunidades, deixamos os timings passarem. E depois dos timings passarem, não há nada a fazer.
Para quê dificultar as coisas que é suposto acontecerem simplesmente e serem fáceis?! Mas afinal temos medo de quê?!
Será que os opostos atraem mesmo? Há aquelas pessoas que conhecemos e percebemos que somos muito diferentes. Aquelas pessoas que mesmo sem se conhecer muito bem, passa-se a maioria do tempo a não gostar. Há pessoas que representam tudo aquilo ou muito daquilo que não gostamos. E nós igualmente representamos tudo o que aquela pessoa não gosta.
Podem de repente estas duas pessoas até começarem a interessar-se por ultrapassar estas ideias que têm uma sobre a outra e ver além disso? Podem duas pessoas que discordam, chegar a um ponto comum?
De repente aquela pessoa que representa quase tudo o que não gostamos tem alguma coisa de intrigante. Temos uma curiosidade que não aguentamos dentro de nós de conhecer essa pessoa melhor. E depois questionamo-nos: mas porque é que eu quero ser amiga/o daquela pessoa? Passei este tempo todo a desgostar daquela pessoa e agora de repente quero conhecê-la melhor?!
Isto das relações interpessoais tem mesmo um quê de surpreendente.
Todos temos aquela pessoa que nos passa pelo pensamento sempre que lemos ou ouvimos falar em grande amor. Quando alguém fala: "Claro que aquele casal de famosos deve ficar junto, nota-se que ele/ ela é o grande amor dele/dela". Há uma pessoa que nos passa no pensamento imediatamente.
Por mais que tenha passado muito tempo, por mais que já tenhámos seguido em frente, por mais que nos imaginemos sem aquela pessoa, por mais que os nossos caminhos se tenham separado, essa pessoa aparece sempre na nossa mente de vez em quando.
Muitas vezes não queremos admitir a nós próprios que aquela pessoa foi um grande amor. Por orgulho se calhar ou por termos gostado tanto daquela pessoa que nos é difícil admitir o quanto realmente gostamos dela.
Por mais que gostemos de acreditar nisso, nem todas as pessoas ficam com o grande amor. Muitas vezes as duas pessoas gostam uma da outra, de uma maneira até "descontrolada", não conseguem organizar aquela desordem criada pelos sentimentos e acabam por se separar.
Muitas vezes duas pessoas são tão compatíveis, que chegam a ser compatíveis demais. Já antecipam o que o outro vai fazer e por vezes entram em jogos um com o outro. O problema é que por vezes gostam mais do jogo do que da outra pessoa e acabam por se separar.
Uma coisa comum a toda a gente que viveu uma história intensa com alguém é que a dada altura pensou mais com os sentimentos do que com a racionalidade. Foi demasiado impulsivo e certamente disse o que pensava (às vezes até demais) à pessoa que gostava.
Acredito que estes grandes amores, são grandes e bonitos e complicados. Toda a gente deve ter pelo menos um amor assim. Mas o amor deve também ser simples, descomplicado e sem jogos. Há um grande amor na vida de toda a gente, mas há sempre um outro amor que nos faz perceber o que é mesmo o amor.
Isto pode parecer contraditório, mas o grande amor, pode não ser aquele que nos mostra o que é o amor.